O gozo
A Terra banha-se despida
Sob o olhar de Deus.
O pudor horrorizado grita:
- Isto é um crime contra a decência!
Voluptuosa a Terra atiça
Os desejos secretos de quem a fez.
O olhar, vendo as curvas benditas
Atende ao convite do incesto,
Na pirâmide pubiana atira
O esperma onipotente.
Ergue-se no tempo um riso
Símbolo da satisfação
Deste orgasmo de Deus.
Carlos Conrado
Carlito, tens um jeito ímpar de fazer poesia! Soa tessituras proféticas, como quem escreve de cima do mundo, sem saber para qual lado pular, prefere procrastinar e ali fica em semelhante contemplação de si mesmo em água e terra, aos solilóquios que indagam à tudo!
ResponderExcluirLá quando em mim perder a humanidade:
ResponderExcluir"Lá quando em mim perder a humanidade
Mais um daqueles, que não fazem falta,
Verbi-gratia - o teólogo, o peralta,
Algum duque, ou marquês, ou conde, ou frade:
Não quero funeral comunidade,
que engrole sob-venites em voz alta;
Pingados gatarrões, gente de malta,
Eu também vos dispenso a caridade:
Mas quando ferrugenta enxada idosa
Sepulcro me cavar em ermo outeiro,
Lavre-me este epitáfio mão piedosa:
'Aqui dorme Bocage, o putanheiro:
Passou a vida folgada, e milagrosa:
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro.'"
MANUEL MARIA BARBOSA du BOCAGE
(de "Poesias eróticas burlescas e satíricas")
Seus poemas são místicos. Quase declaradamente teosóficos rsrsrs Muito legal sua visão transcendente.
ResponderExcluirhttp://celebresanonimos.blogspot.com/