Carta a estimada Loucura
Venho através desta quase equilibrada carta denunciar-lhe a falta de amor que assola os homens desta nossa contemporânea época. A tia Amnésia parece ter tomado posse de Vosso Eu. Nem Freud consegue explicar o fenômeno que tem como objetivo escravizar os ditos humanos ao fracasso. A Censura trabalha sem descanso para coagi-los ao medo e outros males que só o teu divino útero é capaz de explicar. Pergunto-me a ti, até que ponto deveras aceitar tal rumo que seus queridos filhos estão tomando cegamente e conscientemente afastando-lhes do destino que lhes é por direito? Devemos ser radicais neste frágil momento denso de ignorância e transbordante de crimes contra o vosso corpo. Amiga e mãe Loucura, peço-lhe, olhos maiores que os meus para que eu possa observar as ações deste povo com mais abrangência. Ah! É claro, dê-me olhos grandes, mas não me dê à miopia! Trabalho exaustivamente para promover-lhe todos os dias. Construí vários inimigos e discípulos ao longo deste meu processo. Estou feliz por tê-los todos. Tolos que se dizem sábios, são como velhas putas submissas à Moral. Hipócritas até em vossa alma, são os verdadeiros psicóticos, pois fazem da vossa mentira uma realidade para fugirem da responsabilidade, de honrar-nos com a orgia que tanto suplicamos e adoramos tê-la. Consideram-nos obscenos, insensatos e desequilibrados? Que importa tais considerações para nós? Somos o elo entre o sal e o açúcar, a verdadeira depravação divina!... A Moral em seu cubículo esconde coisas que até o nosso elevado senso comum sente vergonha em dizer. Devaneios sacanas são descritos por seus olhos quase sempre decifráveis.
Peço-lhe pela força dos abutres alcoolizados que me envie notícias tuas e deste solo onde habitas atualmente. A descrença dos alugueis atrasados faz de nós discípulos do monge Seu Madruga. Chaves na Venezuela nos representa. Obama na América nos envergonha. A Falta de Amor veste um blazer bem bacana e se acha dona de tudo e de todos.
- Carlos Conrado
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