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A carta de despedida


Aos embalos de Strauss, compositor que tanto admiras, recorro-me ao nosso reduto da comunicação exercida pelo nanquim. Estimado e honrado amigo, Ayschlos Baird, estive por um longo tempo enfermo, por isto, estive recluso daqueles que tanto considero.


Meu país me feriu!... ó gangrena infernal esta senhora chamada Revolução! Perdi entes que se perderam num sonho. Queria ter a mesma fé que eles possuíam, mas devo admitir, estou isento da sua intervenção! Como deves perceber, estou mais reflexivo sobre a vida, os tormentos que me cercam decidiram abrir-me os olhos.


O guerreiro que em outrora caminhava aos campos de batalha, hoje apenas vegeta numa cama. Perdi os movimentos de minhas pernas após uma bala atravessar-me a virilha. Meu caro... este homem vaidoso que tanto amor concebia a vida, hoje apenas chora... Chora lastimando essa condição miserável.


Peço que não mais me informe sobre as minhas paixões, decidi esquecê-las para sempre! Junto com as minhas pernas foi-se também o meu falo. Faço votos a mim mesmo, decidi não mais cobiçar ninguém. Este cruel destino me apregoou uma vida de eunuco. Liberdade? Estou numa prisão! Igualdade? Semelhante a uma abominável criatura, um verdadeiro flagelo de “Deus”! Fraternidade? Tenho uma dor que ninguém ousará compartilhar comigo.


Sou um arquiteto jogado às traças, assim me sinto, por isto decidi em Borgonha ficar, não me interessa mais se vencemos ou perdemos, não me interessa notícias de Luís XVI, jamais me sentirei herói, a minha alma morreu naquele campo, e não consegui salvar nem o seu sorriso.


Desculpe-me por esta necessidade de submergir o meu discurso nas águas da dor. Não quero mais te encher com essas minhas mazelas, quero que fiques sempre bem. Quero que continues a escrever a sua história, pois sei que ainda será maior do que apresenta ser! Luz, paz e bem, estimado amigo! Assim, despeço-me de ti, sem promessas para um novo contato, apenas deixando o tempo falar por mim.


Valentine Lencastre (heterônimo de Carlos Conrado)

Natural de Ourolândia/BA, radicou-se para Sergipe no ano 2000. Escritor, Artista Plástico, Designer Gráfico, Editor e Jornalista.

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