Prefácio
Comportada? Poesia Absolvida nasce com alma revolta,
feminina, humana, e por que não dizer, do instinto do homem Carlos Conrado.
“O chá que bebo não se abstraciona...
É simplesmente o puro sabor da imagem verdadeira,
Adoço com o amor que cultivei dos teus belos seios”.
Existe, em sua obra, uma
espécie de busca de êxtase poético, divino, a procura do ser que é e que se
perde na consciência vazia do seu espaço-tempo; à luta do ego sobrepõem as
algemas da força humana, que ora exalta, caminha, camufla, expele as sensações
por toda a corrente sanguínea, que é o sabor intrínseco da vida e das
experiências.
“Para Kali,
Fui o silencio e sabedoria
De Dalai Lamma,
Fui para os desgraçados...
A esperança”.
A poesia de Conrado se faz
de palcos armados pela trama humana, ora leve, macia, excitante, ora cortante,
audaz, nua, de véus ou sem vergonha; suas múltiplas faces possuem momentos
supremos, pois até mesmo a oração encontra-se presente, ao elevar a alma sobre
o precipício e buscar a face de Deus frente ao ato humano de tomar uma dose de
cicuta e caminhar embriagado para os braços da loucura, a deusa que rouba os
sonhos dos homens.
“Passei noites, isolado na escuridão do Monte Thor,
Fiquei por muito tempo ocultado pelos olhos humanos,
Vivi durante anos perdido em suas sombras...
(...)Vários sentimentos me condenaram
A uma tortura quase eterna.
(...)Foi incrível. Até parecia que aquilo era
ensaiado”.
No constante reboliço dos
diálogos que estremecem o espírito de questionamentos e interrogações, existe o
homem atento aos movimentos e às ações humanas, perante a natureza e a criação,
que como espelho de si visualiza cada mancha espalhada no corpo pelas
intempéries dos desígnios divinos, pois os deuses aparecem e povoam os mundos
existentes dentro do poeta.
Da luta interna parte a
redenção. De honra se faz o poeta diante de seus versos, do tilintar das taças,
do brinde à vida, sem restrições ou medo da busca por outros mundos ou viagens
contíguas, ao encontro do inexplicável universo invisível das coisas.
“Faço
turismo em terras
Das
quais nem sei o nome.
Viajo sob a densidade
sentimental(...)”
A ternura humana é constante. As palavras em tons se
misturam à prece, oração, poesia e a música dos sentidos, que elaboram as cores
harmônicas da abóbada universal, das incontáveis órbitas eu prescindem à
essência da liberdade.
Luzes e sombras dançam no
rodopio constante da vida. Assim Carlos Conrado desfila seus versos envolventes
na atmosfera dos fetiches humanos. E, tais quais as estrelas cintilantes de Van
Gogh, seus desejos brotam da alma e possuem o brilho eterno da deidade de suas
noites insones.
Do medo, do instinto e do
coração que ama, Conrado traça um paralelo de suas histórias ao encantar o mundo
da literatura com Ao mestre Edgar Alan Poe e à Talita Fontes. As descrições são realistas, sem abdicar do
caráter romântico do coração do poeta, que ama, sofre, luta, envaidece e está
pronto para mais uma taça do melhor vinho.
O
fragmento em seu ser faz parte da descoberta humana. O que seriam senhores e
senhoras, de seu caminho de fracassos e redenção, sem a superfície cataclísmica
desses acontecimentos que se passam tão delineados em seus dias?
A cada pessoa, poeta ou
aspirante, ser que ama ou louco constante, errante por estas estradas
escorregadias e contraditórias da vida, digo com afeto que me foi dado um
verdadeiro presente: falar da obra do poeta Carlos Conrado. Sua Poesia Absolvida merece o tom de sublime
e desvairada, ao rumar pelas alamedas da loucura humana, alheia e, por que não
dizer, completamente sua:
“Quando
em mim o deserto se fez presente
A calmaria tornou meus
sonhos eficazes.”
Mas falar de amor, poesias
e cantá-los em versos exige responsabilidades maiores, que Conrado evidencia em
sua experiência substancial, através dos seus trabalhos publicados, para a
construção e enriquecimento da literatura contemporânea brasileira.
Que as leituras se
multipliquem e a poesia de Conrado seja reconhecida como obra literária de
inestimável valor humano.
Patrícia Dantas, João Pessoa, PB.
Comentários
Postar um comentário